Venho costurando minha vida com linhas de saudade... Procuro equilibrar-lhes a cor para que o resultado final não seja triste... ...
Por vezes, é o cinza que insiste; por vezes, impera o marrom... Ainda bem que tem saudade bonita; mudo o tom, amarro fitas, busco a outra ponta do novelo; intercalo a trama em amarelo... A saudade é assim mesmo, tecelã do tempo... Quando menos se espera, arremata o momento,leva embora, deixa a porta encostada, o cadarço de fora, e nunca avisa a hora de voltar... Ainda hei de costurar com verde florescente e, se a saudade chegar autoritariamente, vai se sentir enfraquecida... Enquanto procuro a cor, vou costurando a vida, sem saber qual vai ser o resultado... Caso ele não fique combinado, dou um nó, encosto agulha, guardo a linha, que essa culpa roxa não é minha... É uma artimanha branca do passado...